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Comércio, infraestrutura e inovação impulsionam a economia do Espírito Santo

O Espírito Santo está diante de uma oportunidade histórica que pode redefinir seu papel econômico e consolidar sua vocação como hub logístico nacional. O Estado surge como uma alternativa estratégica na Ferrovia Bioceânica, projeto federal que pretende ligar o Atlântico ao Pacífico por meio de uma linha férrea entre o Brasil e o Peru. Originalmente, o ponto de partida seria o Porto Sul, em Ilhéus (BA), mas as condições logísticas capixabas — portos mais estruturados, avanços nas obras da BR-101 e ambiente institucional organizado — colocam o Espírito Santo em posição de destaque.
O trunfo decisivo vem do projeto da Petrocity Ferrovias, que prevê conexões como as ferrovias EF-030 (São Mateus a Brasília), EF-456 (Minas–Espírito Santo), EFJK e EF-355. Recentemente, o grupo obteve a Declaração de Utilidade Pública (DUP) federal para iniciar desapropriações no trecho entre São Mateus e Barra de São Francisco, integrando as malhas EF-030 e EF-456. Com isso, o Estado se prepara para dar início às obras já em 2026, reforçando seu potencial como corredor logístico e comercial de exportação.
“O comércio capixaba tem muito a ganhar com essa infraestrutura. Cada nova rota significa redução de custos, ampliação da competitividade e atração de novos investimentos para os setores produtivos”, avalia Rogério Alcântara, presidente da CDL Vitória.
Faltando dois meses para o encerramento de 2025, o comércio capixaba se mobiliza para o trio de datas que movimenta o varejo: Halloween, Black Friday e Natal. Mesmo diante de um cenário econômico desafiador, com juros altos, inflação elevada e aumento da inadimplência, o setor mantém a expectativa de boas vendas.
Rogério Alcântara reforça a importância do consumo consciente e da gestão eficiente. “Não basta vender hoje, é preciso vender amanhã e sempre”, afirma. Ele orienta os lojistas a cuidarem do estoque, da vitrine e do atendimento para atrair consumidores cada vez mais cautelosos.
O pagamento à vista, especialmente via Pix, deve predominar nas próximas compras, e as promoções exigem cuidado para não comprometer as margens. O setor também se aquece com as contratações temporárias: cerca de 2.600 vagas devem ser abertas no Espírito Santo, impulsionando a movimentação do comércio no fim do ano.
Com o avanço do comércio eletrônico e a digitalização das relações de consumo, as lojas físicas estão passando por um processo de transformação. O espaço que antes servia apenas para exposição e venda de produtos agora se reinventa como ponto de experiência e relacionamento com o cliente. Ambientes imersivos, atendimento consultivo e espaços “instagramáveis” já são realidade em bares, restaurantes e lojas de moda da Grande Vitória.
Para o futuro, a tendência é ainda mais disruptiva. Segundo José Lino Sepulcri, diretor da Confederação Nacional do Comércio (CNC), 2 mil lojas brasileiras devem se tornar autônomas até 2035, operando com tecnologia de autoatendimento e sistemas inteligentes de recomendação. “O vendedor tradicional vai dar lugar ao consultor de experiência. O comércio capixaba, por ser inovador e conectado, está pronto para essa transição”, destaca.
Vitória foi a capital brasileira com maior valorização do metro quadrado nos últimos 12 meses, superando Salvador, João Pessoa e São Luís, segundo a pesquisa FipeZap Venda Residencial. O aumento chegou a 24,36% entre agosto de 2024 e agosto de 2025, e o acumulado do ano atingiu +15,20%. A valorização reflete a confiança no mercado local e tem efeito direto sobre o comércio e serviços, que se beneficiam da expansão de bairros e novos empreendimentos.
O 45º Censo Imobiliário do Sinduscon-ES confirma esse aquecimento: há 17.177 unidades em construção na Grande Vitória, um aumento de 15,40% em relação ao semestre anterior e o maior número dos últimos dez anos. “A expansão imobiliária puxa a cadeia produtiva, gera empregos e fortalece o comércio de materiais, decoração e bens duráveis”, explica Eduardo Borges, diretor de Economia do Sinduscon-ES.
Além da força logística e imobiliária, o Espírito Santo também se destaca como um terreno fértil para inovação e novos negócios. De acordo com Cecília Perini, líder da XP Investimentos no Estado, o ambiente econômico capixaba combina equilíbrio fiscal, qualidade de vida e ecossistema empresarial colaborativo. “O Espírito Santo tem todas as condições de se tornar um polo de tecnologia e investimentos que dialoga com o Brasil e o mundo”, afirmou durante o evento InsightES 2025 – Semana de Inovação Capixaba.
Setores como rochas ornamentais, café, celulose e turismo também se consolidam como pilares de atração de investimentos, especialmente em conexão com o mercado chinês.
Em setembro de 2025, o Indicador de Reincidência de Pessoas Físicas, apurado pela CNDL e pelo SPC Brasil, registrou novo recorde no número de consumidores negativados que já haviam figurado nas listas de inadimplentes: 85,50% das negativações foram de devedores reincidentes. Desse total, 63,32% ainda não haviam quitado pendências antigas e voltaram a ser negativados, enquanto 22,18% haviam saído do cadastro de devedores nos últimos 12 meses, mas retornaram. Apenas 14,50% não tinham restrições anteriores.
O tempo médio entre o vencimento de uma dívida e uma nova pendência foi de 73,9 dias, o que mostra que, em menos de três meses, boa parte dos reincidentes volta a contrair novas dívidas. Nos últimos 12 meses encerrados em setembro, o número de devedores reincidentes cresceu 7,86% em relação ao período anterior.
Segundo José César da Costa, presidente da CNDL, “a negativação, na maioria das vezes, não é um evento isolado, mas parte de um ciclo recorrente de endividamento. Com juros ainda altos, o crédito permanece caro e restrito, dificultando a reversão do quadro”.
O perfil dos devedores reincidentes segue estável: faixa etária de 30 a 39 anos (25,83% do total) e equilíbrio entre os sexos (54,45% mulheres e 45,55% homens).
Paralelamente, o Indicador de Recuperação de Crédito de Pessoas Físicas apresentou queda de 9,68% no número de consumidores que conseguiram limpar o nome nos 12 meses encerrados em setembro de 2025. “Sem soluções integradas que combinem educação financeira, produtos de reabilitação e políticas regulatórias mais modernas, o país continuará a conviver com reincidência alta e exclusão financeira em larga escala”, alerta Roque Pellizzaro Júnior, presidente do SPC Brasil.
O Indicador de Inadimplência de Pessoas Físicas, também da CNDL/SPC Brasil, revelou que o Brasil tinha 71,86 milhões de consumidores negativados em setembro de 2025 — o equivalente a 43,14% da população adulta. O número representa uma alta de 8,91% em relação a setembro de 2024. Cada inadimplente devia, em média, R$ 4.801,45 para 2,22 empresas credoras, e quase 44% das dívidas eram de até R$ 1.000.
Para o comércio, o cenário reforça a necessidade de ampliar estratégias de fidelização e crédito responsável, equilibrando estímulo ao consumo com educação financeira.
Para apoiar os Estados no período de adaptação à reforma tributária, o Espírito Santo receberá R$ 2,4 bilhões entre 2029 e 2033 por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional (FNDR). Os recursos serão aplicados em infraestrutura, logística e capacitação técnica, áreas diretamente relacionadas ao fortalecimento do comércio e da indústria capixaba.
“O Estado tem uma gestão fiscal exemplar e agora reúne todos os elementos para crescer com base em competitividade e inovação. A consolidação como hub logístico pode ser o próximo grande salto do Espírito Santo”, conclui Alcântara.
Hub logístico e infraestrutura
Comércio e consumo
· Setor se prepara para Black Friday e Natal com expectativa positiva.
· Pagamento à vista via Pix deve predominar nas compras.
· 2.600 vagas temporárias devem ser abertas no Estado.
Mercado imobiliário
Transformação do comércio
Inadimplência e reincidência
Investimentos e inovação
Recursos regionais
Fontes: CNDL, CNC, SPC Brasil, CDL Vitória, Sinduscon-ES, FipeZap, Petrocity Ferrovias, Tesouro Nacional, XP Investimentos, Chinnovation, IEST Group.