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Os impactos econômicos do coronavírus têm levado à derrocada das bolsas de valores em todo o mundo, que já antecipam os efeitos devastadores da nova doença. Já no curto prazo, de imediato, para sermos mais precisos, são os trabalhadores informais — aqueles sem carteira assinada ou empreendedores sem registro — aqueles que deve ser mais afetados com o avanço da pandemia no Brasil.
Com a quarentena impondo o fechamento de comércios em todo o país e empresas permitindo o trabalho remoto, prestadores de serviços estão vendo sua fonte de renda ruir.
Na tentativa de ajudar esses trabalhadores a passar por essa crise de saúde e econômica sem o risco de “quebrar” seus negócios ou de reduzir sua renda, buscamos dicas do que fazer quando o mundo está entrando em quarentena. Confira!
NÃO SE DESESPERE
Pode soar simplista e óbvio, mas é fácil perder a cabeça quando sua fonte de sustento corre risco.
“O desespero não vai pagar suas contas. Se desesperar não vai fazer os negócios acontecerem nem trazer clientes”, afirma a estrategista de carreira e negócios Ell Branco, que recomenda cuidado ainda maior com as notícias falsas, que podem induzir a decisões erradas.
APROVEITE A QUARENTENA PARA SE PLANEJAR
Uma das maiores dificuldades do pequeno empreendedor e de trabalhadores autônomos é o planejamento e essa pode ser a principal razão para a “quebra” de alguns deles durante essa crise. “A maior parte dos empreendedores não está preparada para esse tipo de adversidade. A questão hoje é de saúde, mas uma lanchonete, por exemplo, em qualquer momento estaria sujeita a ter um problema de fiação e ter que fechar por um tempo, por exemplo”, conta a estrategista.
Os especialistas do Sebrae também alertam que é importante estar atento às mudanças dos hábitos de consumo, que hoje são causadas pela crise, mas podem ocorrer ao longo dos anos de forma menos abrupta.
TRACE CENÁRIOS E SE PREPARE PARA ELES
A estrategista de carreira e negócios Ell Branco explica que o autônomo ou pequeno empresário deve fazer uma avaliação do cenário geral – do país e do setor em que atua – e interno – o seu trabalho – e buscar entender como a pandemia como impactá-lo.
Para o Sebrae, é fundamental o planejamento de cenários para entender as implicações financeiras e operacionais caso a crise se estenda por um período prolongado. “Sabemos que menos de 30 dias não vai durar, então é preciso pensar nas possibilidades”, diz a estrategista. O autônomo ou pequeno empreendedor deve traçar estimativas para três períodos principais:
Cenário 1 – crise de 30 dias
Cenário 2 – crise de 45 dias
Cenário 3 – crise de 60 dias
A recomendação principal para todos os casos é: corte custos.
Para cada um desses períodos, a estrategista recomenda que o profissional liste as contas que precisará pagar e as receitas que eventualmente ainda tem para receber — mesmo para quem deixou de faturar por causa da paralisação, pagamentos parcelados ainda podem estar por vir.
Outra possibilidade é checar os serviços que trazem maior rentabilidade ao negócio e a possibilidade de mantê-los mesmo durante a quarentena.
Foi o que fez Diego Lehder, dono de uma escola de dança em Fortaleza, que está usando tecnologia e redes sociais para manter um relacionamento próximo com os cerca de 170 alunos e evitar cancelamentos de matrícula. Diego também usa plataformas de videoconferência para transmitir as aulas e manter a interação com os alunos.
Essa é uma boa saída, segundo a estrategista, que recomenda aos profissionais que listem as ferramentas que possam gerar vendas mesmo durante a quarentena. “Depois das listagens, ele deve partir para o cruzamento dos cenários e se adequar a isso”, diz Ell Branco.
Essa adequação ao novo cenário também pode ser divididas em táticas. A primeira delas é destinada a quem já tinha um planejamento para crises, mas está preocupado com o fluxo das próximas semanas.
“Essas pessoas devem minimizar os custos. O dinheiro que sobrar vira receita para um possível cenário dois”, explica a estrategista.
A tática 2 vale especialmente para os autônomos e os empreendedores que já cortaram os seus custos ao máximo: saiba o quanto precisa para sobreviver. Não é viver, é sobreviver.
“É preciso verificar o mínimo necessário para a sobrevivência. Estamos falando de um cenário de crise, e na crise a questão é de sobrevivência”, destaca a estrategista.
A tática 3 é para quem não tem – mesmo – como gerar receita durante a quarentena, está devendo e não tem como pagar.
Além de minimizar todos os custos – algo que já deveria ter sido feito antes da crise para não estar vivendo no limite -, é hora de partir para a negociação de dívidas.
É o que a costureira Werli Braz de Mendonça pretende fazer com os donos dos dois espaços em que ela mantém ateliês em São Paulo e paga aluguel. “Nesse atual cenário de crise é a hora de ligar e partir para as técnicas de renegociação”, apoia Ell Branco.
Matéria original: Valor Investe